sábado, outubro 06, 2007
Brilha de novo, Barça do Tâmega!
Saudoso Barça do Tâmega, recente vítima de um azul saco, náufrago sem tempo afundando-se num crepúsculo de bravos oceanos. Momentos de quasi-glória de negro vestido, sinal de luto pela queda de mais uma manilha do esférico jogo, disfarçado de mero peão num jogo de interesses.
Também tu, qual Marco, tiveste o teu Avelino, e não foi endereçado pelo correio. Extinção sem aviso de recepção e com remetente desconhecido.
Sofreste tu, mágico pupilo do colosso catalão, mas sofremos também nós. Sem a tua graça e suplesse sobre o tapete, os aplausos perdem-se por entre densas névoas de efervescentes recordações tornadas penosas diante a inexorável marcha do tempo. E assim nos encontramos, orfãos de vultos sebastiânicos convertidos em ícones fossilizados na memória colectiva de um povo enlutado, abandonado pela esperança e visitado pelo desespero.
Quais ícones, perguntais vós?
Começemos pelo Sagrado. Pedra basilar da sociedade moderna, basilar pedra do FC Felgueiras no auge das suas desventuras primodivisionárias. Santíssima Trindade Tobaguenha, tornada sacrossanta por três aristocráticos nomes com laivos de arrogância britânica, filhos bastardos da monárquica diáspora inglesa. Clint Sherwin Marcelle, Leonson Edward Jeffrey Lewis e Earl Jude Jean, sendo que o último só se juntou aos dois primeiros no decorrer das calendas de 1995 e 1996.
[EDIT] Doravante, EJJ será deliciosamente omitido do resto do post, dado tratarmos apenas e só da época anterior. [PRESS DELETE]
A Santíssima Trindade de Dois (meu dito, meu feito) foi o emblema do clube tornado mártir na supracitada belle epoque de '94-'95. Clint estava para Lewis como Trindade para Tobago. Como José para Cid ou D. Duarte Pio para Bragança.
A equação era perfeita. Tal qual inadvertida emulação de anúncio de jornal, avançado grande procura avançado pequenino. Pretende-se cara-metade que nos complete, fortaleça e nos faça sentir indivisíveis.
Do alto dos seus 1,85m, Leonson Lewis era a coisa mais próxima do altar numa equipa orientada por Jesus. Soca Warrior da mais fina estirpe, LL desentupiu a sanita do nulo por quinze vezes durante a epopeia de 94-95. Quinze demonstrações da sua possante habilidade para manusear o desentupidor de resultados, quinze descargas no autoclismo das emoções viradas do avesso.
Clint Sherwin Marcelle, o seu fiel sidekick, não alinhava pelo mesmo diapasão. Aliás, nem gostava de votar os seus tímpanos à audição das alegres cançonetas de Marante. Talvez por isso fosse tão útil diante de um guardião adversário como um pente numa concentração de skinheads. O brilhante total de zero golos na defunta Primeira Divisão é um bom apontamento de humor, mas não faz juz à sua melosa história de amor com o couro. O diminuto avançado Tobaguenho poderia não chegar à prateleira de cima, mas 1,67m carregados de amor e violento afecto pela mais bela arte do joker ofensivo não poderão nunca ser dispensados.
Kristic, o Sérvio, fazia do Mundo o seu quintal. Este verdadeiro Globetrotter da bola, era semelhante aos americanos da bola laranja em quase tudo, tirando a parte do espectáculo, das vitórias, do reconhecimento, da aura mágica e da fantástica habilidade técnica. Mas era viajado.
Viagem era o nome do meio de Sérgio. Só que o seu quintal eram as divisões secundárias. Lixa, Guarda, Lisboa, Marco, Torres Vedras, Paredes e Valpaços foram paragens obrigatórias no comboio do amor. Podemos não nos lembrar dele dentro de campo, mas este brasileiro do Recife semeou o seu charme pelos frondosos campos e aldeias do nosso Portugal, seduzindo as moças lusitanas como se não houvesse amanhã. O seu segredo? Mestre da arte do look Ramón, alicerçado num bigode pensado, olhar inquisitivo, tez morena e um bravio penteado que gritava aos sete ventos "soltem-me!", como um negro corcel aprisionado num fedorento estábulo.
Fedorento é também um bom adjectivo para descrever o equipamento de Lopes. Juntamente com piroso, foleiro, torpe, desagradável, disforme, mal-parecido, desproporcionado ou desagradável.
Lopes da Silva, abraçando agora uma nova fase da sua ilustre carreira, mostra-se ao Mundo como o Mourinho de Bragança, arrastando multidões para o palco dos sonhos brigantino, actor principal de uma peça onde é figurante e contra-regra, argumento e argumentista, produção e produtor. Em Felgueiras demonstrava já apetência pela liderança, sendo o imperial impermeabilizador de uma aquática linha defensiva e o orgulhoso portador de um autoritário bigode, manifestação capilar de um inequívoco cabecilha.
O Crisanto e o Franc só são para aqui chamados por causa do nome, claro. Parecem bailarinas do Big Show SIC. Francamente. Crisanto e Franc? Francamente.
Arrotado por
Anónimo
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12 comentários:
Genial, como sempre :) Parabéns
Grande Fitz estou de volta depois de longo interregno... Mas vejo que ainda não satisfizeite os meus desejos! O irmão do minha aranha negra leonina ainda não está no álbum de família...
Maltratas-nos...
o NILSON MEREÇE UM CROMO JÁÁÁÁ
Barça do Tâmega ou Chaves para cá do Marão, cromos são cromos. 8 estrelas.
Kristic-Crisanto está para Jagger-Richards assim como Lewis-Clint está para Lennon-McCartney. É linda esta proporcionalidade matemática dos relvados.
Caros amigos aficionados do futebol, não percam, a partir desta segunda-feira e até quarta, a entrevista exclusiva com o futebolista do Tottenham RICARDO ROCHA no blog Rola a BOLA (WWW.ROLA-BOLA.BLOGSPOT.COM)
Um blog de desporto onde todas as cores são bem-vindas.
Saudações desportivas
mó... falta aí a fatinha... eheheh
Já alinkei esta vossa pérrla
Obrigado pelas vossas apreciações, meus caros.
nando, o cromo já cá canta. Só falta o post :)
Um Gilles Binya com limão e gelo para todos vós.
Bravissimo
fitzx
eu nao sou caro e ati até faço desconto....
fitzx
o teu blogue é realmente um primor!
Fitzx, eu quero um cromo do FUA!!!
Vá lá...
Abrç
E com o "agora" divino exterminador implacável (e campeão das capas babadas d`"A Bola") Jorge Jesus a treiná-los na mítica época 95/96´!
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